A ESTRATÉGIA DO CAOS DIRIGIDO

A ESTRATÉGIA DO CAOS DIRIGIDO

Manlio Dinucci, Mondialisation, Il Manifesto, 16/4/2019

https://www.mondialisation.ca/la-strategie-du-caos-dirige/5632676

Tradução e adaptação de José Oliveira

    Todos contra todos, é a imagem mediática do caos que mancha as margens-sul do Mediterrâneo, da Líbia à Síria. É uma situação diante da qual, até Washington parece impotente. Só que os EUA não são o aprendiz de feiticeiro, são o principal motor da estratégia do caos que, ao demolir estados inteiros, provoca reacções em cadeia de conflitos e mais conflitos que são usados segundo o velho método de dividir para reinar.

Desde o fim da Guerra-Fria de que saíram vencedores, os EUA+NATO fragmentaram e demoliram pela guerra um conjunto de estados considerados obstáculo ao plano de dominação mundial: Iraque, Afganistão, Jugoslávia, Líbia, Síria e outros. Enquanto isso, outros estão na mira do Império: Irão, Venezuela, C. do Norte, etc.

De acordo com a mesma estratégia, o golpe de estado na Ucrânia, com o patrocínio EUA+NATO destinou-se a provocar uma nova guerra-fria para isolar a Rússia e reforçar a influência dos EUA na Europa.

Enquanto as atenções mediáticas se concentram na guerra-civil líbia (Venezuela…), são deixados na sombra outros cenários ameaçadores da escalada NATO contra a Rússia (além de outros pontos quentes algures)…

A reunião de 29 ministros dos estrangeiros a 4/4 em Washington para celebrar os 70 anos da NATO, reafirmou claramente e sem qualquer prova que a Rússia teria violado o tratado FNI por ter instalado novos mísseis na Europa, com capacidade nuclear.

Uma semana mais tarde, a NATO anuncia que será efectuada a actualização do sistema de mísseis americanos AEGIS de defesa anti-míssil, baseado em Deveselu, Roménia, assegurando que isso “não fornecerá nenhuma capacidade ofensiva ao sistema”.

(Ao mesmo tempo, a Roménia anuncia que se prepara para adquirir a Portugal um conjunto de mais de uma dezena de caças F-16, para atingir o seu objectivo de possuir uma esquadrilha de 36 dessas aeronaves).

O referido sistema de mísseis instalado na Roménia e Polónia e a bordo de diversos navios pode pelo contrário lançar não apenas mísseis interceptores, mas também nucleares. Moscovo já avisou que se os EUA colocarem mísseis nucleares na Europa, também irá colocar nas suas fronteiras mísseis análogos apontados às bases europeias. Em consequência, aumentou substancialmente a tensão e as despesas militares NATO. Os orçamentos militares dos aliados europeus+Canadá deverão atingir ou até superar os $100 B.

Os ministros dos estrangeiros reunidos em Washington a 4/4 comprometeram-se a “defrontar as acções agressivas da Rússia na região do Mar Negro”, estabelecendo uma série de medidas de apoio aos seus aliados locais: Ucrânia e Georgia.

Nos dias seguintes, dezenas de navios e de caças-bombardeiros dos EUA, Canadá, Grécia, Holanda, Turquia, Roménia e Bulgária, iniciaram no Mar Negro exercícios de guerra aeronaval nos limites da fronteira com a Rússia, servindo-se dos portos de Odessa (Ucrânia) e Poti (Roménia). Simultaneamente, mais de 50 caças-bombardeiros dos EUA, Alemanha, RU, França e Holanda, descolaram de aeroportos holandeses, foram abastecidos em voo e executaram missões ofensivas de ataque contra alvos em terra e no mar. Caças-bombardeiros italianos eurofighter foram enviados pela NATO para patrulhar de novo a região e contrariar a ameaça de aviões russos.

A corda está cada vez mais tensa e pode romper-se a qualquer momento, arrastando-nos para um caos muito mais perigoso que a guerra-civil líbia.

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