Em Setembro de 2018, a agência de controlo de fronteiras da União Europeia Frontex anunciou o início de voos de teste para drones em Itália, Grécia e Portugal. Mas houve uma omissão na declaração da Frontex: o tipo de drones a ser testados já foi anteriormente usado em ataques a Gaza na Palestina.
Alguns detalhes das empresas envolvidas nesses ensaios foram publicados no início do ano de 2018. Um “aviso de adjudicação do contrato” revelou que a Israel Aerospace Industries era um dos dois proponentes seleccionados. A Israel Aerospace Industries estará recebendo 5,5 milhões de dólares por cerca de 600 horas de voos de teste.
O drone que as Indústrias Aeroespaciais de Israel oferecem para a vigilância marítima chama-se «Heron». De acordo com o site da própria empresa, o Heron foi “testado em acções de combate”. Ou seja foi utilizado durante os três maiores ataques de Israel a Gaza na última década.
Na Operação Chumbo Fundido, o ataque conduzido por Israel contra Gaza entre os finais de 2008 e início de 2009, uma investigação da Human Rights Watch revelou que dezenas de civis foram mortos com mísseis lançados de drones. O «Heron» foi identificado como um dos principais drones utilizados naquela ofensiva. A Frontex – que frequentemente expulsa refugiados da Europa – avalia drones há já alguns anos. Em 2012, a Israel Aerospace Industries apresentou o «Heron» num evento organizado pela Frontex.
Através destes testes de voo, a Frontex, está a permitir que a indústria de guerra de Israel adapte a sua tecnologia testada em palestinos, agora para fins de vigilância. Embora os representantes da UE rotineiramente afirmem a sua preocupação com os direitos humanos, a verdade é que este envolvimento com fabricantes de armamentos para monitorização das fronteiras terá mais semelhanças com as políticas belicosas adoptadas pela administração de Donald Trump nos EUA.
Mark Akkerman in The Electronic Intifada
Tradução de António Pereira
Observatório da Guerra e do Militarismo 
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