70 ANOS DA NATO: IMPERIALISMO OCIDENTAL

70 ANOS DA NATO: IMPERIALISMO OCIDENTAL

Michel Welch, Mahdi Darius, Andre Vltchek e Peter Konig

Tradução e adaptação de José Oliveira

    Na reunião da Aliança em Washington a 3 e 4 de Abril de 2019, os ministros dos países NATO aprovaram a seguinte declaração:

“Hoje, a nossa Aliança é a mais forte da história, garantindo a liberdade de quase 1 bilião de cidadãos, a segurança do nosso território e a protecção dos nossos valores e do estado de direito”.

Formada a seguir à II Guerra, a Organização do Tratado do Atlântico Norte agrupava então 12 países, com os EUA e Canadá à cabeça, e constituía-se como um pacto defensivo (quem atacasse um atacava todos).

Hoje, 70 anos depois, o império soviético já não existe. A NATO tem aumentado o seu envolvimento em teatros por todo o mundo, desde a antiga Jugoslávia, passando pelo Afganistão, Iraque, Somália, Líbia, Síria, etc. Muitas destas missões são apresentadas como intervenções humanitárias ou minimização de desastres, por oposição a agressões.

De acordo com o Stockholm International Peace Institute (SIPRI), as potências NATO gastaram em 2017, $900 B em armamento, representando 52% dos gastos globais. Esse número não inclui as despesas americanas gastas em “overseas contingency operations” e outras despesas relacionadas.

O prof. Michel Chossudovsky sublinha que a NATO é o braço militar de um projecto hegemónico destinado a impor uma restruturação económica em países-alvo, tornando-os e aos seus recursos campos maduros para a sua exploração por parte da classe capitalista anglo-americana. Num artigo recente, Michel C. também documenta extensamente o papel da organização no recrutamento e financiamento da destabilização do Kosovo, Líbia, Síria e outros países.

“Os membros da NATO são compelidos a apoiar os desejos imperiais de Washington e as suas acções de conquista, a pretexto da doutrina da segurança colectiva”.

Num recente debate, Mahdi explicou que a NATO foi criada também para contrariar os movimentos europeus de esquerda, assim como para aplicar os objectivos geoestratégicos na Eurásia. Comentou os imperativos económicos forjados pela Aliança e exprimiu a opinião de que a Turquia vai adquirir à Rússia um conjunto de sistemas anti-missil, em vez de o fazer a membros da NATO, facto que tem enfurecido Trump, a ponto de este quase declarar guerra económica a Erdogan.

No mesmo debate, Andre Vltchek mostrou como o imperialismo tem avançado não apenas com armas e bombas, mas também explorando as diferenças étnico-religiosas. Examinando o envolvimento sino-russo em países como a Síria ou Venezuela, Andre focou o aspecto de que existem grupos no seio dos países visados que mantém a admiração pelo Ocidente (seja sincera ou comprada).

Estimativas recentes mostram que a NATO, seus aliados, colaboradores e organizações de mercenários por eles sustentados, já mataram mais de 20 M de pessoas, desde que existe a santa Aliança.

Oficialmente, os 70 anos da NATO são considerados um período de paz, embora mesmo a Guerra Fria tenha sido um período de contínua escalada bélica, corrida aos armamentos e maximização dos proventos para o complexo militar americano. O objectivo central era evitar que a URSS se concentrasse no desenvolvimento do país e se dedicasse à corrida armamentista.

Actualmente, a NATO congrega 29 países, 26 dos quais europeus, havendo ainda alguns países associados como a Ucrânia e Israel e mais recentemente ainda a Colômbia. O Brasil também caminha a passos largos para a integração para concretizar a famosa doutrina Monroe (não haverá potências estrangeiras na A. Latina, excepto dos EUA). Contudo, tanto a Rússia como a China estão a ajudar a Venezuela, o que irrita bastante o “amigo americano”.

Os EUA-NATO possuem cerca de 800 bases militares em 100 países, enquanto outras fontes já falam de 1000 bases, grande parte das quais é desconhecida do público. O dinheiro para as manter é desviado dos bolsos dos contribuintes, em vez de ir para a educação, saúde, infraestruturas, sobretudo em países pobres colonizados pelo império.

A Europa tornou-se uma espécie de colónia NATO. Trump já a ameaçou que ou aumenta a despesa militar ou terá consequências. Tenta assim instilar o medo, embora seja claro que a Comissão Europeia trabalha ao serviço de Washington. A teoria dos medos, medo da Rússia, medo da China, das esquerdas, é usada para paralisar as pessoas. É assim que também avança o perigo da guerra nuclear.

Todos sabemos que a Rússia e a China têm uma filosofia diferente das intervenções militares expansionistas. A sua abordagem está geralmente muito mais virada para a intensificação das relações comerciais, industriais e políticas. Por isso, há anos, o presidente Xi Jinping lançou a “Nova Rota da Seda” para estabelecer uma série de infraestruturas de ligação oriente-ocidente em aspectos económicos, sociais, industriais, culturais, etc. Pretende ligar os povos e não separá-los. “Nós fazemos pontes enquanto outros fazem muros”, declarou um delegado chinês.

https://www.globalresearch.ca/nato-at-70-global-enforcers-of-western-imperialism/5673781

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