TRADUÇÃO POR MANUEL BAPTISTA DE: https://www.asiatimes.com/2019/03/article/beijing-may-not-need-huawei-back-doors/
Um perito diz que a National Security Agency dos EUA nunca encontrou «portas das traseiras» da Huawei para a espionagem chinesa.
Enquanto os EUA e alguns dos seus aliados se juntam para excluírem a Huawei das suas infraestruturas de telecomunicações, alguns peritos em cibersegurança ocidentais questionam abertamente as razões de porem em destaque e penalizarem a empresa chinesa de tecnologia.
Eles dizem que é «inverosímil» que a Huawei tenha construído as chamadas «portas das traseiras» nos sistemas porque teriam medo de ser detectadas, em especial considerando que Pequim já pode «hackear» (invadir) os sistemas estrangeiros sem recorrer a tal auxílio.
Washington insiste em que qualquer nação que utilize aparelhagem da Huawei nas redes sem fios da próxima geração (5G) está a dar a Pequim um instrumento directo para espionagem. Os americanos dizem que o gigante de tecnologia baseado em Shenzhen, ao colocar um laço global no equipamento de 5G está a colocar-se às ordens do poder, pondo a empresa a funcionar como agência de Pequim.
As autoridades dos EUA também citam a lei chinesa que «compele os seus cidadãos e suas companhias a participar em actividades de vigilância».
Mas os peritos em segurança disseram à «Associated Press» que o governo dos EUA estava provavelmente a exagerar esse risco. A realidade é que Pequim não necessita de implantar software malicioso (malware) ou acesso clandestino a aparelhagem da Huawei como routers, interfaces ou estações de Internet sem fio para se infiltrar nas redes do estrangeiro, as quais já têm «notoriamente fraca segurança» fazendo delas prezas fáceis de serem exploradas.
Jan-Peter Kleinhans, um especialista do grupo berlinense «Neue Verantwortung Stiftung» especializado em segurança informática e vigilância de Estados, diz que se os chineses quiserem conectar-se ou imiscuír-se nas redes globais «eles farão isso independentemente do tipo de equipamento que esteja usando» e que os hackers ao serviço de Pequim, são muito eficientes e não têm mostrado preferência pela tecnologia de uma empresa sobre a de outra.
Além disso, a Huawei já teria sido apanhada e banida há muitos anos se tais portas das traseiras tivessem sido instaladas nos seus equipamentos, para benefício da espionagem de Pequim, pois teria sido descoberta pelos seus clientes estrangeiros ou pelos serviços de segurança dos governos.
A Huawei accionou um contra-processo contra o governo dos EUA por acusações fabricadas e sem quaisquer provas, da sua alegada cumplicidade em espionagem.
OS aliados europeus têm mostrado reluctância em adoptarem um banimento sem provas do equipamento da Huawei. Por exemplo, a Alemanha assinalou que não faz tenção de restringir o negócio da Huawei, firmando em vez disso um acordo de não-espionagem recíproca com a China. A Polónia e República Checa (ambas as nações membros da NATO) têm também autorizado a Huawei a penetrar nos respectivos mercados de telecomunicações e de usuários finais.
A AP também citou Priscilla Moriuchi, ex-directora das operações do Extremo-Oriente da NSA (National Security Agency) dos EUA de que não tinha conhecimento da NSA ter jamais encontrado «portas das traseiras» criadas pela Huawei para a espionagem chinesa.
A ironia consiste no conhecimento geral que os EUA fizeram aquilo exactamente de que acusa a Huawei de estar fazendo.
De acordo com documentos expostos em 2013 pelo contratante dissidente da NSA, Edward Snowden, que fugiu de Hong-Kong e obteve posteriormente asilo de Moscovo, os EUA «plantaram dispositivos de vigilância nos equipamentos de redes, fabricados por companhias como Cisco Systems, e estes depois foram distribuídos pelo mundo inteiro».
As revelações chocantes do dador de alerta estiveram na origem de uma exclusão dos produtos Cisco da parte de Pequim.
Apesar do bloqueio coordenado dos EUA, a Huawei afirma que estabeleceu contratos com 30 firmas emissoras de sinal, internacionalmente, para teste e ensaio de redes 5G e tecnologias sem fios («wireless»).
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